Se coloque na posição do demitido.
Estou aqui me intrometendo no campo dos recursos humanos, mas pela minha lida diária com muitos problemas de relacionamento envolvendo empregados e empregadores, me sinto apto a comentar, para no mínimo gerar o debate ao tema.
Os grandes empregadores possuem departamentos exclusivos de “relacionamento com investidores”, algo acertado, notável. E por que não “relacionamento com empregados” ou colaboradores? [ eu não gosto da expressão colaboradores por ser a mesma extra-legal, mas pode ser também usada]
Percebo que grande parte dos boicotes, sabotagem, corpo mole e adjacentes, até demandas trabalhistas mesmo, decorrem de causas emocionais, do empregado se sentindo desrespeitado e subjulgado no ambiente de trabalho, desprezado vamos chamar assim.
Normalmente a empresa não é gerida pelo dono sozinho, mas por gestores, de vendas, de pessoal, do depósito, da logística, enfim, e estes – sem estarem comprometidos com a memória da empresa – descartam quem não se adequa as regras e diretrizes dos setores.
O descarte acontece como quem desliga uma lâmpada, sem que o Gestor pense um só minuto que quem está sendo demitido é uma pessoa, que tem família, esposa, filhos, amigos, que paga colégio, feira, água, condomínio, energia, prestação do carro, etc….e que a demissão trará um grande stress para o demitido e sua família.
Uma regra básica e facílima de ser aprendida e aplicada para esse “descarte” é o de se colocar no lugar de quem está saindo e sentir ou tentar sentir na própria pele o que significa aquele ato, quais os reflexos e consequências dele.
Agindo assim, as relações de emprego tendem a terminar de forma mais humana e respeitosa, com consideração e preocupação do destino que àquele demitido vai trilhar. Desse modo, a empresa tende a ser acionada menos, ter menos conflito, gerar um bom relacionamento com os que saem e com os que ficam, pois estes segundos verificam como age a empresa com quem demite, com respeito e consideração.
Várias pesquisas apontam que a realização profissional transcende o recebimento de um bom salário, o que o empregado quer na maioria das vezes é ser tratado com dignidade, importância e ser visto como pessoa e não como um número.
Por isso, deve o empregador por questões humanas investir nesse relacionamento e cobrar de seus gestores esse perfil de tolerância, atenção e respeito com seus subordinados, sendo um pouco deles, ou até pelo interesse financeiro, pois quem age assim, seguindo a risca essa preocupação com o próximo, será recompensado financeiramente com menos ações trabalhistas, a minha expriência me traz essa certeza.
Sds Marcos Alencar
COMPLEMENTO O POST COM COMENTÁRIO DO LEITOR AMILCAR, EXCELENTE.
Stephen Kanitz relatou o seguinte episódio, por ele testemunhado em Harvard.
Ao ser perquirido, pelo Professor, sobre as medidas que tomaria em decorrência de determinado cenário econômico, assinalou o aluno:
“Antes de mais nada, mandaria embora 620 funcionários não essenciais,
economizando 12 200 000 dólares.”
Ao fim da exposição, eis o que lhe disse o docente:
“-Levante-se e saia da sala.
-Desculpe, professor, eu não entendi – disse John, meio aflito.
-Eu disse para sair desta sala e nunca mais voltar. Eu disse: PARA FORA!
Nunca mais ponha os pés aqui em Harvard.
Ficamos todos boquiabertos e com os cabelos em pé. Nem um suspiro. Meu
colega começou a soluçar e, cabisbaixo, se preparou para deixar a sala. O
silêncio era sepulcral. Quando estava prestes a sair, o professor fez seu
último comentário:
-Agora vocês sabem o que é ser despedido. Ser despedido sem mostrar nenhuma
deficiência ou incompetência, mas simplesmente porque um bando de
prima-donas em Washington meteu medo em todo mundo.
Nunca mais na vida despeçam funcionários como primeira opção. [b]Despedir gente é sempre a última alternativa[/b].
Aquela aula foi uma lição e tanto.”